Nova Perimetral deve impulsionar desenvolvimento econômico das regiões Sul e Leste, avaliam Executivo e moradores

Nova Perimetral deve impulsionar desenvolvimento econômico das regiões Sul e Leste, avaliam Executivo e moradores

Foto: Rian Lacerda (Diário)

A construção da Perimetral Sul-Leste, que tem o primeiro trecho de dois quilômetros concluído, começa a desenhar um novo trajeto de desenvolvimento e oportunidades em Santa Maria. No entorno, empreendedores e moradores acompanham com bons olhos e expectativa a conclusão da futura ligação das regiões. Na avaliação do Executivo, a infraestrutura significa incentivo econômico, maior segurança viária e um atrativo para novos negócios de Leste a Sul da cidade. 


+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp


Os primeiros dois quilômetros foram concluídos em novembro deste ano e ligam a Estrada de Pains (acesso secundário à UFSM) e a Faixa Nova de Camobi até o Bairro Maringá. O trecho tem quatro pistas, iluminação, sinalização, ciclovias e calçadas para pedestres. As obras são feitas com verbas da Corsan, que destinou R$ 75 milhões ao município como cláusula do acordo da renovação do contrato. A expectativa é que a licitação para a conclusão do restante do trecho, de mais quatro quilômetros, seja lançada no próximo ano.

A construção da perimetral se apoia no diagnóstico de que a região Sul tem um dos maiores potenciais de crescimento do município. É o que relembram o prefeito de Santa Maria, Rodrigo Decimo (PSD), e o secretário de Urbanismo e Projetos, Guilherme Schneider. Na avaliação deles, a obra faz parte de um planejamento amplo para estruturar a expansão da cidade, atrair investimentos e valorizar regiões hoje subocupadas.

– A cidade tem limitações naturais pelos morros que nos circundam. A área Sul é onde ainda existe espaço para expandir com qualidade, e a infraestrutura adequada é sempre o primeiro passo para que os empreendimentos cheguem – afirma o prefeito, sobre a escolha pela ligação entre Sul e Leste.


Infraestrutura como principal incentivo econômico

O prefeito e o secretário reforçam que o maior incentivo para atrair empreendimentos não está em benefícios fiscais, mas na entrega de infraestrutura. A Perimetral Sul-Leste foi concebida com esgoto, rede elétrica, ciclovia, iluminação completa e capacidade para circulação de transporte coletivo. Há também a restrição a veículos pesados.

– Muitas vezes nos perguntam sobre incentivos. Mas o maior deles é justamente oferecer um entorno pronto, com logística adequada. Quando o empreendedor encontra infraestrutura instalada, o investimento se viabiliza com muito mais rapidez – diz Rodrigo Decimo.

Esse modelo, segundo Schneider, também gera economia futura ao município:

– Direcionamos o crescimento para áreas que já têm rede instalada. É muito mais eficiente ocupar vazios urbanos entre a faixa e a Perimetral do que expandir a cidade para regiões ainda sem infraestrutura.

Prefeito e secretário avaliam impactos do investimento a médio e longo prazoFoto: Rian Lacerda (Díário)


Empreendedores acompanham obra com expectativa

Moradora e empreendedora do Bairro Diácono João Luiz Pozzobon, Cláudia Machado de Paula, 40 anos, que mora e mantém seu negócio em frente ao trecho já concluído da Perimetral Sul-Leste, conta que a avaliação é positiva. Ela tem percebido o aumento na visibilidade dos negócios e mais facilidade para clientes acessarem os estabelecimentos.

– Vimos com bons olhos essa transformação. A via ficou boa, o estacionamento ficou ótimo em frente aos comércios e meus clientes conseguem parar tranquilamente para retirar as tortas. Eu acredito que, com esse movimento novo que a perimetral vai trazer, a gente deve ter bem mais fluxo e mais pessoas enxergando o que existe aqui na rua. Isso dá outra perspectiva para quem empreende – afirma.

Cláudia mora há 40 anos na Estrada do Pains e vê, de perto, o desenvolvimento da regiãoFoto: Vinicius Becker (Diário)

A empreendedora conta ainda que a perimetral passou a funcionar como um ponto de referência para quem busca o endereço do negócio.

– Quando alguém pergunta onde estamos, a gente diz: ‘é bem onde saiu a Perimetral’. A pessoa se localiza na hora. Antes, muita gente nem sabia exatamente onde ficava o bairro. Agora ficou mais fácil explicar e mais fácil das pessoas chegarem até aqui – diz.

Apesar dos avanços, Cláudia destaca a necessidade de atenção à segurança viária:

– A velocidade de 60 km/h é alta para uma avenida que não é larga em toda a sua extensão. Aqui na frente é um pouco mais espaçoso, mas lá para cima e lá para a faixa fica bem estreito. Com o fluxo aumentando, acho que no futuro vai ser necessário algum redutor ou alguma adequação, porque realmente o número de veículos vai crescer muito – observa.

Na outra extremidade da perimetral, que fica na BR-392, no trevo da Estância do Minuano, na saída para São Sepé, há espera pela conclusão da ligação com a região Leste. Dirceu Senna, que é sócio da agroveterinária Maria Santa, fala que a perimetral também ajudaria a corrigir um problema antigo de congestionamento da rodovia federal.

– O que se espera é que ela ajude no fluxo. Acredito que vai melhorar muito a entrada e a saída da cidade, porque hoje realmente aqui gera um tumulto muito grande e congestiona bastante. A perimetral vai oferecer uma alternativa a mais e deve desafogar bastante o trânsito e, com o trânsito mais leve, o cliente também consegue chegar com mais tranquilidade às empresas.

Senna, como é conhecido na região, tem o empreendimento há 14 anos Foto: Vinicius Becker (Diário)

Próximo dali, também na BR-392, a empreendedora Mauren da Cunha, que mantém um comércio na região há três anos, acompanha as obras com expectativa. Ela afirma que o local sofre com pouca visibilidade e acesso limitado, mas acredita que a conclusão da via deve ampliar significativamente o fluxo, estimular a abertura de novos negócios e recuperar o movimento comercial que já existiu no bairro.

– Eu acredito que vai ser muito bom para o comércio quando a Perimetral estiver liberada. Hoje aqui é uma ponta da cidade, quase sempre rota de quem está chegando ou indo embora, e isso limita bastante o movimento. A ligação nova deve trazer mais caminhos para as pessoas chegarem até nós e ajudar a desenvolver a região. Para nós, que também atendemos clientes do Passo do Verde e de quem entra por São Sepé, vai melhorar muito o acesso – afirmou.


Mudança na dinâmica urbana

Além do impacto econômico, a Perimetral Sul-Leste deve alterar padrões de circulação. Com o segundo trecho concluído, o que deve ocorrer possivelmente em 2027, bairros como Diácono Luiz Pozzobon e Jardim Berleze terão acesso mais rápido à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e ao restante da cidade. Com ligação futura entre as perimetrais, será possível até um grande circuito cicloviário contornando a cidade. É o que imagina o secretário de Urbanismo e Projetos:

– Imagina um anel com cerca de 15 quilômetros de ciclovia em terreno plano. Isso é mobilidade ativa de verdade, é cidade para as pessoas.

O projeto também prevê a conexão entre a região Sul, Camobi e a BR-392, já em processo de duplicação, e, mais adiante, com a BR-158. Ainda de acordo com o secretário, essa integração deve transformar a mobilidade local e criar alternativas aos fluxos concentrados nas faixas federais – hoje fora do controle do município.

– A Perimetral faz parte de um desenho maior. No mapa, é possível ver como ela se conecta à Perimetral Dom Ivo Lorscheiter e como, no futuro, poderá completar um anel viário ao redor da cidade – afirmou o secretário. 

Primeiro trecho da perimetral foi entregue em novembro deste anoFoto: Vinicius Becker (Diário)


Perimetral Dom Ivo Lorscheiter é usada como referência do impacto econômico esperado

A prefeitura utiliza a Perimetral Dom Ivo Lorscheiter, entregue em julho de 2024, como exemplo concreto do que pode ocorrer no entorno de uma ligação como essa. Segundo o prefeito Rodrigo Decimo e o secretário de Urbanismo e Projetos, Guilherme Schneider, a Perimetral Dom Ivo demonstrou como a combinação de infraestrutura e planejamento urbano pode acelerar investimentos privados em curto prazo.

Eles contam que, logo após a conclusão da via, começou a surgir uma “corrida” por novos empreendimentos na região Norte. O caso mais emblemático, segundo o secretário, é o conjunto habitacional que deverá ser assinado na próxima semana, dentro do programa Minha Casa, Minha Vida.

– O interesse retornou rapidamente. Empreendimentos que estavam parados voltaram a nos procurar, pedindo diretrizes urbanísticas para retomar projetos – afirma Schneider.

A primeira perimetral de Santa Maria, também evidenciou a valorização imobiliária. Conforme o secretário, terrenos que antes não despertavam atenção passaram a ser vistos como estratégicos, especialmente para loteamentos e condomínios. A tendência, agora, é que a reação se repita na nova perimetral.

– A valorização é imediata quando uma obra como a Perimetral chega. Não é só a pavimentação: é drenagem, iluminação, rede instalada, ciclovia, mobilidade conectada ao restante da cidade. Isso transforma áreas antes pouco atrativas em espaços competentes para receber moradia, comércio e serviços, elevando naturalmente o valor dos imóveis do entorno – afirma o secretário.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Balneários da Região Central recuperam estruturas após enchentes e projetam temporada de verão; clubes de Santa Maria iniciam atividades

Associação dos Municípios da Região Centro escolheu novo presidente para 2026 Próximo

Associação dos Municípios da Região Centro escolheu novo presidente para 2026

Geral